Notas
Javalis gigantes infestando Santa Catarina: parece coisa de filme de terror, mas é a realidade
Nos anos 70, havia um provérbio que dizia “ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”. Hoje, sabemos que a saúva deu lugar ao mosquito Aedes Aegypti. Mas do Oeste e na Serra de Santa Catarina está se espalhando uma ameaça surpreendente, que vem sendo enfrentada pelos moradores de Lages, principal cidade da região: o javali!
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Há três modalidades de caça: espera, facho e com cães. Na espera, o caçador identifica por onde o javali costuma passar e deixa algum alimento (milho, amendoins, soja) para atrair o bicho – e se coloca em um girau improvisado em árvores. No facho, é usado um farolete na camionete, e os caçadores ficam na caçamba – com risco do veículo capotar. E com cães, há ainda mais perigo, pois os caçadores acabam evitando atirar, dando chance ao javali reagir e atacar. Ainda tem um componente que torna tudo mais perigoso: na caça com cães, depois que estes atuam, o caçador tem que abater o javali com facas próprias para este fim, numa situação que pode se transformar numa luta. Ou seja, dentro de banhados e matas o caçador precisa se aproximar do animal!
A média de tamanho do javali é de 1,30m, mas no Sul este tamanho já foi superado, como você já percebeu nas fotos!
Javalis gigantes infestando Santa Catarina: parece coisa de filme de terror, mas é a realidade
E o pior: são gigantescos. Mas gigantescos MESMO. Alguns ficam com partes do corpo sobrando em caçambas de camionetes. Lembram em formato – mas não em tamanho – os javalis das histórias em quadrinhos de Asterix, personagem dos franceses René Goscinny e Albert Uderzo, que eram devorados sem pena pelo guerreiro Obelix:
Javalis gigantes infestando Santa Catarina: parece coisa de filme de terror, mas é a realidade
Este vídeo que viralizou pelo WhatsApp mostra que a situação está realmente fora do controle:
O empresário Giovanni Zanella, que pratica caça esportiva como hobby, é um dos cidadãos lageanos autorizados pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) para tentar reduzir o número de javalis na região – número este que já atingiu os limites do insuportável. “Hoje em dia já tem pessoas sendo atacadas pelos javalis, algo que não acontecia antes. E acidentes em estradas também, afinal, chegam a pesar 200 quilos”, diz Zanella, que adverte: “Aqui (na Região Sul) já está demais, e pode apostar que vai se espalhar pelo Sudeste também”.
Não se tem dados exatos sobre quando o javali-europeu chegou ao Brasil. Há registros de que em 1904 foram trazidos quatro espécimes para a Argentina, que se reproduziram – e alguns escaparam do cativeiro chegando ao Sul do Brasil. Décadas depois, houve um aumento na importação por interessados em comercializar a carne, muito saborosa e saudável.
O problema principal é: o javali não é natural daqui do Brasil e, por isso, não entra na cadeia alimentar. Ele não tem predadores! “O único predador deste javali é o homem. O javali é um problema no mundo todo e somente com a caça é possível controlar o crescimento”, explica Zanella, que faz parte de um clube de praticantes da caça esportiva em Lages. “Há muitos anos alertamos as autoridades para a necessidade de conter o crescimento deles. Mas nunca autorizavam a caça”.
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